quarta-feira, 14 de abril de 2010

psicologia de um vencido

Eu, filho do carbono e do amoníaco,

Monstro de escuridão e rutilância,
Sofro, desde a epigênese da infância,
A influência má dos signos do zodíaco.


Profundissimamente hipocondríaco,
Este ambiente me causa repugnância...
Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia

Que se escapa da boca de um cardíaco.


Já o verme - este operário das ruínas -
Que o sangue podre das carnificinas
Come, e á vida em geral declara guerra,


Anda a espreitar meus olhos para roê-los,
E há de deixar-me apenas os cabelos,
Na frialdade inorgânica da terra!

augusto dos anjos


"O amor da humanidade é uma mentira.

É. E é por isso que na minha lira
De amores fúteis poucas vezes falo.
O amor! Quando virei por fim a amá-lo?"

http://www.artelivre.net/html/literatura/al_literatura_augusto_dos_anjos.htm

"A poesia de Augusto dos Anjos – paraibano nascido no século passado – é de um materialismo quase brutal, embora seja no fundo, obra de um idealista, que não detestava – em absoluto – o amor, mas queria-o em seu estado impossível, espiritual, etéreo. Ledo engano de quem tomar o poeta materialista em filosofia como um materialista nos sentimentos. Augusto, bardo incomum, estranho, magérrimo, era todo humanidade: leal, cortês, honesto, coisas raras de encontrar naqueles tempos e ainda hoje. Mas foi também poeta da morbidade, da descrença, da morte."


links interessantes


http://www.palavra.com.br/html/augusto_dos_anjos.html


http://www.catar.com.br/usuarios/manoelmar/index.html

http://www.fortunecity.com/victorian/bolsover/236/index.html

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