O trânsito parado; engarrafamento total.
Um bombeiro subiu ao andar e se debruçou no parapeito tentando conversar com a
bichinha suicida para que não cometesse aquele ato extremo:
- Pensa nos teus pais, como eles vão sofrer! - implorou o bombeiro.
- Eu sou órfão!
- Então pensa na tua mulher, nos teus filhos, que vão ficar desamparados!
- Eu sou bicha!
- E o namorado?!
- Não tenho!
Aí o bombeiro ficou meio atrapalhado, sem saber mais o que dizer. Mas teve uma ideia:
- Então pensa na eleição, meu amigo! O Lula tá quase saindo, estamos quase nos
livrando daquele imbecil !
- Mas eu vou votar na Dilma!!!
- Então pula logo, seu veadinho de merda!
O esconderijo do poeta são suas palavras. Nos cantos mais obscuros da língua ele jaz, encapotado. De seus becos vazios e escuros, ele espreita, à espera de alguma palavra descuidada, jogada fora. Forma com elas tijolos com os quais vai erguendo sua fortaleza. Queres encontrar um poeta, procura-o entre os muros de palavras, nos becos da linguagem. Encontrá-lo-á, encolhido, encapuzado, porém atento, aguardando o próximo descuido...
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