quarta-feira, 31 de março de 2010

comentario

"No meio do caminho" é o que se pode chamar de poema-escândalo. Publicado pela primeira vez na modernista Revista de Antropofagia, em 1928, deflagrou uma saraivada de críticas na imprensa.




Violentos, irônicos, corrosivos, os críticos simplesmente desancavam o autor dos versos e diziam, em suma, que aquilo não era poesia.



Reacionários e gramatiqueiros, eles se sentiam provocados pelas repetições do poema e pelo "tinha uma pedra" em lugar de "havia uma pedra".



Em 1967, para marcar os 40 anos do poema, Drummond reuniu o extenso material publicado sobre ele no volume Uma Pedra no Meio do Caminho -- Biografia de um Poema (Editora do Autor).



Vale aqui fazer apenas uma pergunta. Havia milhares de poemas modernistas que a crítica conservadora achava ruim ou desqualificava como literatura.



Por que, então, detonaram todas as suas baterias contra a pedra no caminho?



Seria talvez pelo fato de que Drummond — o mais completo modernista — pôs realmente o dedo na ferida e incomodava mais?

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